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Novo estudo mostra que mulheres ainda são as mais prejudicadas pela falta de saneamento básico no Brasil

 
 
 
 

No Brasil, o número de mulheres que residem em casas sem coleta de esgoto saltou de 26,9 milhões para 41,4 milhões em três anos, ou seja, uma taxa de crescimento anual de 15,5% do número de brasileiras afetadas pelo problema.

Nesse mesmo período, a população feminina prejudicada pela falta de água tratada passou de 15,2 milhões para 15,8 milhões, com a ausência do serviço regular afetando 24,7 milhões. Já o índice de mulheres sem banheiro em casa cresceu 56,3% no acumulado do período, passando de 1,6 milhão para 2,5 milhões.

Os dados são da segunda edição do estudo O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira, produzido pela BRK Ambiental, uma empresa privada de saneamento presente em mais de 100 municípios brasileiros, e conduzido pela Ex Ante Consultoria Econômica.

O levantamento se baseia nas informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada do IBGE (PNADC), da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE e do Sistema Único de Saúde (DATASUS), considerando os dados de 2016 (base para o primeiro estudo) e de 2019 (dados mais recentes do PNADC e do DATASUS). A pesquisa faz um recorte da população feminina para mostrar que a desigualdade de gênero está presente em todos os estágios da vida da mulher, com reflexos nas áreas pessoal e profissional.

Além das atividades do dia a dia, as mulheres costumam ser as responsáveis pelas tarefas domésticas e pelos cuidados com a família e, ao serem afetadas por problemas relacionados ao saneamento, precisam se dedicar exclusivamente aos cuidados com a família. Com o bem-estar limitado, elas sofrem consequências na saúde, na educação e no tempo dedicado às atividades domésticas e econômicas.

Nesta edição, é apresentada uma análise inédita relacionada à pobreza menstrual, com dados que mostram que as mulheres mais pobres têm um esforço econômico 16 vezes maior para conseguir comprar produtos de higiene pessoal, se comparado com a população feminina de maior renda.

Mulheres que não têm acesso à água tratada comprometem uma parcela maior da renda com a compra de absorventes e coletores menstruais – o impacto é 36% superior. Para as que vivem sem banheiro em casa, o esforço econômico é 64% maior. 

O estudo reforça que o acesso universal ao abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto pode tirar mais de 18 milhões de mulheres da condição de pobreza. Além disso, o levantamento dá visibilidade para questões a respeito do impacto na saúde e aponta que, segundo informações da base de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), houve 273.224 internações em razão de doenças de veiculação hídrica nos hospitais da rede do SUS em 2019. Do total de pessoas internadas, 141.011 (51,6% do total) eram mulheres e 132.213 eram homens (48,4% do total).

Os afastamentos por doenças respiratórias e de veiculação hídrica também comprometeram 676 milhões de horas de estudos das mulheres – cerca de 28 dias.

 
 

Confira o quadro comparativo dos impactos da falta de saneamento na vida das brasileiras

 
 
 
Estudo 2018Estudo 2022
Brasileiras que não recebem água tratada15,2 milhões15,8 milhões
Brasileiras que não recebem água tratada com regularidade (diariamente)27,2 milhões 24,7 milhões
Mulheres impactadas pela falta de coleta de esgoto26,9 milhões41,4 milhões
Mulheres sem banheiro em casa1,6 milhão2,5 milhões
Internações por infecções gastrointestinais associadas à falta de saneamento178,9 mil141 mil
Internações por infecções gastrointestinais e respiratórias associadas à falta de saneamento569,5 mil 458,9 mil
Afastamentos por doenças de veiculação hídrica7,9 milhões de casos26,3 milhões de casos
Afastamentos por doenças respiratórias e de veiculação hídrica52,1 milhões de casos80,6 milhões de casos
Impactos na renda mensal de mulheres que vivem em residência sem banheiro61,3% inferior66,7% inferior
Mulheres que sairiam da condição de pobreza635,3 mil18,4 milhões
Média no ENEM de mulheres que vivem em residência sem banheiro- 45,7 pontos- 53,1 pontos
Atraso escolar de meninas sem banheiro em casa4,6 anos3 anos
 

Impactos da falta de saneamento na vida das mulheres

 

●  Uma em cada quatro mulheres não tem acesso à água tratada ou não é abastecida com regularidade.

●  38,2% da população feminina reside em casas sem coleta de esgoto.

●  2,5 milhões de brasileiras não têm banheiro em casa.

●  Cerca de 18 milhões de brasileiras sairiam da pobreza se tivessem água e esgoto tratados.

●  R$ 13,5 bilhões seriam injetados na economia brasileira com o acesso das mulheres ao saneamento.

●  Mulheres sem banheiro em casa sofrem um impacto 64% maior na renda com a compra de absorventes e coletores menstruais.

Impactos do saneamento na vida das mulheres brasileiras

●      41,4 milhões de mulheres brasileiras (38,2% da população feminina) residem em casa sem coleta de esgoto.

●      24,7 milhões de mulheres – uma em cada quatro – não são abastecidas com água tratada com regularidade.

●      15,8 milhões de mulheres são impactadas pela falta de água tratada.

●      Nas regiões Norte e Nordeste, uma em cada duas mulheres não recebe água tratada.

●      2,5 milhões de mulheres não têm banheiro em casa.

●      O acesso universal ao saneamento básico tiraria 18,4 milhões de mulheres da condição de pobreza. O número de mulheres vivendo abaixo da linha de pobreza passaria de 21,7 milhões para 3,4 milhões graças ao acesso universal ao saneamento.

Reflexos na renda

●      A renda das mulheres sem acesso a banheiro em casa é 66,7% inferior em comparação com as demais trabalhadoras que vivem em domicílios com banheiro.

●      A renda da mulher poderia ser ampliada em 1/3 ao garantir o acesso regular à água, com banheiro e coleta de esgoto. O aumento da renda das brasileiras alcançaria R$ 13,5 bilhões por ano e cerca de metade desses ganhos ocorreria no Norte e Nordeste, regiões do país com os maiores déficits de saneamento.

●      A população feminina teve cerca de 2 bilhões de horas de trabalho, remuneradas ou não, afetadas por afastamentos associados à falta de saneamento. O tempo representa 22,5% do total de horas de afastamentos.

●      Mulheres mais pobres têm um esforço econômico 16 vezes maior para conseguir comprar produtos de higiene pessoal.

●      Em média, entre as famílias sem banheiro de uso exclusivo, o impacto na renda mensal com a compra de absorventes e coletores menstruais é 64% superior ao das mulheres com renda maior. Na população feminina sem água tratada, o esforço econômico é 36% maior.

Saúde

●     Segundo informações da base de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), houve 273.224 internações em razão de doenças de veiculação hídrica nos hospitais da rede do SUS em 2019. Do total de pessoas internadas, 141.011 (51,6% do total) eram mulheres e 132.213 eram homens (48,4% do total).

●      O acesso pleno ao saneamento pode reduzir em 63,4% a incidência de doenças ginecológicas na população feminina com idade entre 12 e 55 anos.

●      A ausência de saneamento foi responsável por 80,6 milhões de casos de afastamento por doenças respiratórias e de veiculação hídrica. São mais de 368 milhões de dias de afastamento de mulheres de suas atividades rotineiras. No total, são 8,8 bilhões de horas de afastamento, o que representa 81,7 horas por brasileira.

Educação

●      As mulheres tiveram cerca de 676 milhões de horas de estudo comprometidas com os afastamentos por doenças respiratórias e de veiculação hídrica. 

●      Crianças e jovens que moram em áreas sem acesso aos serviços de coleta de esgoto têm, em média, um atraso escolar 3,3% superior ao de estudantes que moravam em locais com coleta de esgoto.

●      Mulheres que residem em uma moradia sem banheiro tiveram -53,1 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), em comparação com a média do exame, em 2019. As maiores diferenças foram registradas em redação (-73,3 pontos) e em matemática (-64,6 pontos).

 

 
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