Anexo Estatístico
Anexo Metodológico
1.
Saneamento e morbidade por doenças gastrointestinais infecciosas
A análise dos efeitos do saneamento sobre a incidência de doenças de veiculação hídrica – diarreia, vômitos e doenças transmitidas por mosquitos – se baseou no cruzamento de informações sobre o afastamento das atividades rotineiras em razão dessas doenças, o acesso a esgoto, o acesso a água tratada, a disponibilidade de banheiro de uso exclusivo e uma série de indicadores socioeconômicos. Para calcular esses efeitos, foram empregados os dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, realizada pelo IBGE.
Os indicadores socioeconômicos utilizados no modelo econométrico são: (i) informações sobre os indivíduos: idade, gênero e se estuda ou trabalha; e (ii) informações sobre o domicílio: tipo da moradia (apartamento, casa ou cômodo), material da parede, da cobertura, material de piso, localização geográfica (unidade da federação, área rural ou urbana e tipo de área), disponibilidade de geladeira, disponibilidade de serviço de coleta de lixo, existência de animal de estimação, existência de empregado doméstico e renda domiciliar per capita.
Utilizou-se um modelo de regressão logística em que a probabilidade de afastamento das atividades por doenças de veiculação hídrica é uma variável binária com valores (1) para afastamento e (0) para não afastamento. O modelo de regressão logística é descrito pela equação a seguir:
em que, y representa a variável dependente (probabilidade de afastamento por doenças de veiculação hídrica), xj são as informações fornecidas pelo conjunto de variáveis explicativas, em que j = 1, 2,..., k, β são os coeficientes quantificando as relações entre estas variáveis e a variável dependente. G é uma função que assume valores estritamente positivos entre 0 e 1: 0 < G(z) < 1, para todos os números reais z. Isso garante que as probabilidades estimadas estejam estritamente entre 0 e 1.
O modelo estimado para analisar o efeito do saneamento sobre a probabilidade de afastamento das atividades rotineiras por doenças de veiculação hídrica apresentou resultados bastante satisfatórios. O acesso à água tratada e canalizada na moradia, a existência de banheiro e o escoamento sanitário realizado por rede geral de coleta de esgoto reduzem as chances de uma pessoa ser afastada de suas atividades rotineiras por doenças de veiculação hídrica. Os coeficientes são apresentados nas Tabelas A.M.1. As demais variáveis de controle tiveram o sinal esperado e são estatisticamente significativas.
Tabela A.M.1. Regressão de afastamento doenças de veiculação hídrica, Brasil, 2019
Coeficiente | Erro padrão | p-valor | Razão de probabilidade | |
---|---|---|---|---|
Água canalizada em algum cômodo | -0,3733 | 0,0125 | 00000 | 0,6885 |
Acesso à água tratada | -0,2243 | 0,0118 | 0,0723 | 0,9790 |
Acesso à rede de esgoto | -0,2335 | 0,0055 | 0,0000 | 0,7918 |
Disponibilidade de banheiro excluivo | -0,7767 | 0,0120 | 0,0000 | 0,4599 |
Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (IBGE, 2015). Nota: Log de Likelihood: 3.300.153,094. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.
2. Saneamento e morbidade por doenças respiratórias
Aos moldes do que foi realizado no Anexo anterior, a análise dos efeitos do saneamento sobre a incidência de doenças respiratórias – gripes e pneumonias – se baseou no cruzamento de informações sobre o afastamento das atividades rotineiras em razão dessas doenças, o acesso a esgoto, o acesso a água tratada, a disponibilidade de banheiro de uso exclusivo e uma série de indicadores socioeconômicos. Para calcular esses efeitos, foram empregados os dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, realizada pelo IBGE.
Os indicadores socioeconômicos utilizados no modelo econométrico são: (i) informações sobre os indivíduos: idade, gênero e se estuda ou trabalha; e (ii) informações sobre o domicílio: tipo da moradia (apartamento, casa ou cômodo), material da parede, da cobertura, material de piso, localização geográfica (unidade da federação, área rural ou urbana e tipo de área), disponibilidade de geladeira, disponibilidade de serviço de coleta de lixo, existência de animal de estimação, existência de empregado doméstico e renda domiciliar per capita.
Utilizou-se um modelo de regressão logística em que a probabilidade de afastamento das atividades por gripes ou pneumonias é uma variável binária com valores (1) para afastamento e (0) para não afastamento. O modelo de regressão logística é descrito pela equação a seguir:
em que, y representa a variável dependente (probabilidade de afastamento por doenças respiratórias), xj são as informações fornecidas pelo conjunto de variáveis explicativas, em que j = 1, 2,..., k, β são os coeficientes quantificando as relações entre estas variáveis e a variável dependente. G é uma função que assume valores estritamente positivos entre 0 e 1: 0 < G(z) < 1, para todos os números reais z. Isso garante que as probabilidades estimadas estejam estritamente entre 0 e 1.
O modelo estimado para analisar o efeito do saneamento sobre a probabilidade de afastamento das atividades rotineiras por doenças respiratórias apresentou resultados bastante satisfatórios. O acesso à água tratada e canalizada na moradia, a existência de banheiro e o escoamento sanitário realizado por rede geral de coleta de esgoto reduzem as chances de uma pessoa ser afastada de suas atividades rotineiras por gripes ou pneumonias. Os coeficientes são apresentados nas Tabelas A.M.2. As demais variáveis de controle tiveram o sinal esperado e são estatisticamente significativas.
Tabela A.M.2
Regressão de afastamento doenças de veiculação hídrica, Brasil, 2019
Coeficiente | Erro padrão | p-valor | |
---|---|---|---|
Acesso à água tratada | -0,0306 | 0,0003 | 0 |
Acesso à rede de esgoto | -0,1681 | 0,0003 | 0 |
Disponibilidade de banheiro | -0,1520 | 0,0006 | 0 |
Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (IBGE, 2015). Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.
3. Saneamento e morbidade por doenças ginecológicas
A análise dos efeitos do saneamento sobre a incidência de doenças ginecológicas – associadas ou não à menstruação, mas sem relação com a gravidez e o parto – se baseou no cruzamento de informações sobre o afastamento das atividades rotineiras em razão dessas doenças, o acesso a esgoto, o acesso à água tratada, a disponibilidade de banheiro de uso exclusivo e uma série de indicadores socioeconômicos. Para calcular esses efeitos, foram empregados os dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, realizada pelo IBGE.
Os indicadores socioeconômicos utilizados no modelo econométrico são: (i) informações sobre os indivíduos: idade, gênero e se estuda ou trabalha; e (ii) informações sobre o domicílio: tipo da moradia (apartamento, casa ou cômodo), material da parede, da cobertura, material de piso, localização geográfica (unidade da federação, área rural ou urbana e tipo de área), disponibilidade de geladeira, disponibilidade de serviço de coleta de lixo, existência de animal de estimação, existência de empregado doméstico e renda domiciliar per capita.
Utilizou-se um modelo de regressão logística em que a probabilidade de afastamento das atividades por doenças ginecológicas é uma variável binária com valores (1) para afastamento e (0) para não afastamento. O modelo de regressão logística é descrito pela equação (6):
em que, y representa a variável dependente (probabilidade de afastamento por doenças de ginecológicas), xj são as informações fornecidas pelo conjunto de variáveis explicativas, em que j = 1, 2,..., k, β são os coeficientes quantificando as relações entre estas variáveis e a variável dependente. G é uma função que assume valores estritamente positivos entre 0 e 1: 0 < G(z) < 1, para todos os números reais z. Isso garante que as probabilidades estimadas estejam estritamente entre 0 e 1.
O modelo estimado para analisar o efeito do saneamento sobre a probabilidade de afastamento das atividades rotineiras por doenças ginecológicas apresentou resultados bastante satisfatórios. O acesso à água canalizada na moradia, a existência de banheiro e o escoamento sanitário realizado por rede geral de coleta de esgoto reduzem as chances de uma pessoa ser afastada de suas atividades rotineiras por doenças ginecológicas. Os coeficientes são apresentados nas Tabelas A.M.3. As demais variáveis de controle tiveram o sinal esperado e são estatisticamente significativas.
Tabela A.M.3
Regressão de afastamento doenças ginecológicas, Brasil, 2019
Coeficiente | Erro padrão | p-valor | Razão de probabilidade | |
---|---|---|---|---|
Água canalizada em algum cômodo | -0,3733 | 0,0125 | 0,0000 | 0,6885 |
Acesso à rede de água tratada | -0,0212 | 0,0002 | 0,0000 | 0,9790 |
Acesso à rede de esgoto | -0,2335 | 0,0004 | 0,0000 | 0,7918 |
Disponibilidade de banheiro | -0,7767000 | 0,0120 | 0,0000 | 0,4599 |
Fonte: PNADC 2016 (IBGE, 2017). Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.
4. Saneamento e atraso escolar
A análise dos efeitos do saneamento sobre o desempenho escolar se baseou na variável dependente “atraso escolar” construída com a diferença entre os anos de estudo da pessoa e o ano que ela deveria estar cursando. Essa análise foi aplicada somente aos indivíduos em idade escolar, ou seja, para crianças e jovens de 5 a 20 anos de idade. O banco de dados utilizado foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Continuada de 2019 e as variáveis de controle foram: (i) gênero; (ii) cor ou raça declarada; (iii) material das paredes; (iv) material da cobertura do domicílio; (v) sistema de coleta de lixo; (vi) unidade da Federação em que o indivíduo mora; (vii) área da moradia (rural ou urbana); (viii) local de residência (capital, regiões metropolitanas ou interior); e (ix) renda domiciliar per capita (em ln).
O modelo econométrico utilizado foi um modelo do tipo Poisson. Esse tipo de modelo é usado quando a variável dependente é uma variável de contagem. Nesse caso, a variável é o número de anos de atraso escolar. Essa técnica consiste em modelar o valor esperado como uma função exponencial de acordo com a equação a seguir:
Como exp(.) é sempre positivo, a equação acima garante que os valores previstos de y serão sempre positivos. Sobre os processos de inferência utilizando o modelo de Poisson, ver Wooldridge (2006).
Tabela A.M.4
Regressão de atraso escolar, Brasil, 2017
Coeficiente | Erro padrão | p-valor | |
---|---|---|---|
Acesso à água tratada* | -0,0306 | 0,0003 | 0,0000 |
Acesso à rede de esgoto | -0,0318 | 0,0003 | 0,0000 |
Disponibilidade de banheiro | -0,1520 | 0,0003 | 0,0000 |
Fonte: PNAD 2019 (IBGE, 2021). * Acesso regular à água tratada. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.
Os modelos estimados apresentaram resultado bastante satisfatório. Quanto maior a parcela da população com acesso ao esgoto, menor é o atraso escolar, ou seja, o acesso a esse serviço contribui positivamente no desempenho escolar. O acesso regular à água tratada também apresentou o mesmo efeito, contribuindo para diminuir o atraso escolar. A disponibilidade de banheiro tem efeito bastante elevado. As demais variáveis de controle tiveram o sinal esperado e são estatisticamente significantes.
4. Saneamento e desempenho escolar
A análise dos efeitos do saneamento sobre o desempenho escolar se baseou no cruzamento de informações de desempenho nas provas do ENEM 2019 com os dados de disponibilidade de banheiro na moradia e um conjunto amplo de indicadores socioeconômicos de controle. A população analisada tinha entre 19 e 29 anos de idade.
O banco de dados utilizado nessa avaliação foi a base de microdados do ENEM 2019 fornecido pelo INEP. As variáveis de controle foram: (i) idade; (ii) gênero; (iii) cor ou raça; (iv) escolaridade do pai; (v) escolaridade da mãe; (vi) classe de rendimento familiar; (vii) disponibilidade de máquina de lavar roupa; (viii) disponibilidade de máquina de lavar louça; e (ix) local de residência (capital, regiões metropolitanas ou interior).
Os modelos econométricos utilizados foram equações lineares estimadas por MQO, em que as variáveis dependentes são as notas nas provas (Di) de: ciências naturais (CN), ciências humanas (CH), linguagens e códigos (LC), matemática (MT) e redação (RE). Também foi estimada uma regressão para a média das notas das cinco provas (média). A equação a seguir descreve o modelo estatístico:
Os resultados da regressão são apresentados na Tabela A.M.5. Os modelos estimados apresentaram resultados bastante satisfatórios. Como esperado, a ausência de banheiro na moradia do candidato reduz suas notas em todas as provas do ENEM.
Tabela A.M.5. Regressão de desempenho escolar no ENEM, Brasil, 2019
Efeito parcial da existência de banheiro na moradia | Coeficiente | Erro padrão | p-valor |
---|---|---|---|
Ciências naturais | -6,7151 | 0,4204 | 0,0001 |
Ciências humanas | -5,9961 | 0,3913 | 0,0001 |
Linguagens e códigos | -9,6627 | 0,3232 | 0,0003 |
Matemática | -6,3709 | 0,5435 | 0,0000 |
Redação | -20,3905 | 0,9764 | 0,0001 |
Média | -9,8271 | 0,4148 | 0,0002 |
Fonte: INEP. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.
Os modelos estimados apresentaram resultado bastante satisfatório. A ausência de banheiro nas moradias, como esperado, tem efeito negativo sobre as notas dos candidatos do ENEM.
As demais variáveis de controle tiveram o sinal esperado e são estatisticamente significantes.
Saneamento e produtividade
A análise dos efeitos do saneamento sobre a produtividade e remuneração da mão obra se baseou nas informações microeconômicas do rendimento mensal do trabalho, acesso a esgoto e outros indicadores socioeconômicos dos brasileiros.
O banco de dados utilizado foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Continuada de 2019, que reúne informações sobre os domicílios brasileiros nas áreas urbanas e rurais de todas as regiões do país. A equação a seguir descreve o modelo estatístico em que a variável que se busca explicar é o valor do rendimento mensal das pessoas ocupadas.
As variáveis de controle foram:
(i) idade; (ii) idade ao quadrado; (iii) gênero; (iv) cor ou raça; (v) escolaridade; (vi) setor de atividade econômica; (vii) posição na ocupação; (viii) condição no domicílio; (ix) material da parede da moradia; (x) material do telhado da moradia, (xi) sistema de coleta de lixo; (xii) unidade da federação em que o indivíduo mora; (xiii) área da moradia (rural ou urbana); e (xiv) local de residência (capital, regiões metropolitanas ou interior).
Foram estimados dois modelos econométricos: o primeiro, com estimador de mínimos quadrados ordinários (MQO), e o segundo, um modelo linear estimado por Máxima Verossimilhança com correção de viés de seleção amostral, em que a variável dependente, “remuneração média horária”, foi transformada em ln, para melhor adequação estatística. Os resultados da regressão são apresentados na Tabela A.M.6.
Os modelos estimados apresentaram resultados bastante satisfatórios. Quanto maior a parcela da população com acesso ao esgoto, maior é renda do trabalho. O acesso à água tratada também afeta positivamente a renda dos trabalhadores. A ausência de banheiro na moradia reduz a remuneração média horária esperada.
Interação do efeito parcial com o gênero feminino | Coeficiente | Erro padrão | p-valor |
---|---|---|---|
Ciências naturais | -0,6865 | 0,6339 | 0,0000 |
Ciências humanas | -1,1645 | 0,6493 | 0,0000 |
Linguagens e códigos | -3,3668 | 0,6096 | 0,0000 |
Matemática | 4,1588 | 0,8942 | 0,0000 |
Redação | -4,2797 | 1,3620 | 0,0000 |
Média | -1,0677 | 0,6180 | 0,0000 |
Fonte: ENEM 2016 (INEP, 2017). Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.
Tabela A.M.6. Regressão de produtividade, Brasil, 2019
A análise dos efeitos do saneamento sobre a produtividade e remuneração da mão obra se baseou nas informações microeconômicas do rendimento mensal do trabalho, acesso a esgoto e outros indicadores socioeconômicos dos brasileiros. O banco de dados utilizado foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Continuada de 2019, que reúne informações sobre os domicílios brasileiros nas áreas urbanas e rurais de todas as regiões do país. A equação a seguir descreve o modelo estatístico em que a variável que se busca explicar é o valor do rendimento mensal das pessoas ocupadas.
As variáveis de controle foram: (i) idade; (ii) idade ao quadrado; (iii) gênero; (iv) cor ou raça; (v) escolaridade; (vi) setor de atividade econômica; (vii) posição na ocupação; (viii) condição no domicílio; (ix) material da parede da moradia; (x) material do telhado da moradia, (xi) sistema de coleta de lixo; (xii) unidade da federação em que o indivíduo mora; (xiii) área da moradia (rural ou urbana); e (xiv) local de residência (capital, regiões metropolitanas ou interior).
Foram estimados dois modelos econométricos: o primeiro, com estimador de mínimos quadrados ordinários (MQO), e o segundo, um modelo linear estimado por Máxima Verossimilhança com correção de viés de seleção amostral, em que a variável dependente, “remuneração média horária”, foi transformada em ln, para melhor adequação estatística.
Os resultados da regressão são apresentados na Tabela A.M.6. Os modelos estimados apresentaram resultados bastante satisfatórios. Quanto maior a parcela da população com acesso ao esgoto, maior é renda do trabalho. O acesso à água tratada também afeta positivamente a renda dos trabalhadores. A ausência de banheiro na moradia reduz a remuneração média horária esperada.
Tabela A.M.6
Regressão de produtividade, Brasil, 2019
Coeficiente | Erro padrão | p-valor | |
---|---|---|---|
Acesso à água tratada* | 0,0498 | 0,0002 | 0,0000 |
Acesso à rede de esgoto | 0,0695 | 0,0002 | 0,0000 |
Disponibilidade de banheiro | 0,2150 | 0,0007 | 0,0000 |
Correção de seleção de amostra | |||
---|---|---|---|
Acesso à água tratada* | 0,0507 | 0,0002 | 0,0000 |
Acesso à rede de esgoto | 0,0469 | 0,0002 | 0,0000 |
Disponibilidade de banheiro | 0,2157 | 0,0007 | 0,0000 |
Fonte: PNAD 2019 (IBGE, 2021). (*) Acesso regular à água tratada. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.
Os modelos estimados apresentaram resultados bastante satisfatórios. Quanto maior a parcela da população com acesso ao esgoto, maior é a renda do trabalho. O acesso à água tratada também afeta positivamente a renda dos trabalhadores. A ausência de banheiro na moradia reduz a remuneração média horária esperada.
6.
Fatores determinantes do acesso ao saneamento
A análise dos fatores determinantes do acesso ao saneamento se baseou no cruzamento de informações de acesso a esgoto, de acesso à água tratada com indicadores socioeconômicos. Para calcular esses efeitos, foram empregados os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada de 2019, realizada pelo IBGE. Os indicadores socioeconômicos utilizados no modelo econométrico são informações sobre os indivíduos: (i) gênero e (ii) faixa etária; (iii) cor ou raça declarada; (iv) nível de instrução; (v) classe de rendimento; e informações sobre o local do domicílio: (vi) unidade da federação em que o indivíduo mora; (vi) área da moradia (rural ou urbana); e (vii) local de residência (capital, regiões metropolitanas ou interior).
Utilizou-se um modelo de regressão logística em que as probabilidades de não ter acesso à água tratada ou ao serviço de coleta de esgoto são variáveis binárias com valores (1) para não ter acesso e (0) para ter acesso. O modelo de regressão logística é descrito pela equação a seguir:
em que, y representa a variável dependente (probabilidade de afastamento por doenças de veiculação hídrica), xj são as informações fornecidas pelo conjunto de variáveis explicativas, em que j = 1, 2,..., k, β são os coeficientes quantificando as relações entre estas variáveis e a variável dependente. G é uma função que assume valores estritamente positivos entre 0 e 1: 0 < G(z) < 1, para todos os números reais z. Isso garante que as probabilidades estimadas estejam estritamente entre 0 e 1.
Os modelos estimados para analisar as probabilidades de não ter acesso à água tratada ou de não ter acesso ao serviço de coleta de esgoto apresentaram resultados bastante satisfatórios. Os coeficientes das principais variáveis explicativas empregadas para estimar as probabilidades são apresentados na Tabela A.M.7.
Table A.M.7.
Regressões de probabilidades de não ter acesso à água tratada ou de não ter acesso ao serviço de coleta de esgoto, Brasil, 2019
Acesso inadequado à água - Coeficiente | Acesso inadequado à água - Erro padrão | Acesso inadequado à água - p-valor | Acesso inadequado à coleta de esgoto - Coeficiente | Acesso inadequado à coleta de esgoto - Erro padrão | Acesso inadequado à coleta de esgoto - p-valor | |
---|---|---|---|---|---|---|
Área urbana | -2,2578 | 0,0006 | 0,0000 | -2,7673 | 0,0008 | 0,0000 |
Área capital | -0,8957 | 0,0007 | 0,0000 | -1,1116 | 0,0006 | 0,0000 |
Demais municípios da RM | 0,3574 | 0,0006 | 0,0000 | -0,0132 | 0,0005 | 0,0000 |
Municípios em RIDE | -0,3042 | 0,0026 | 0,0000 | 0,6782 | 0,0020 | 0,0000 |
Gênero masculino | 0,0335 | 0,0004 | 0,0000 | 0,0140 | 0,0004 | 0,0000 |
até 4 anos de idade | 0,0318 | 0,0015 | 0,0000 | 0,1177 | 0,0014 | 0,0000 |
de 5 a 14 anos de idade | 0,1739 | 0,0016 | 0,0000 | 0,3368 | 0,0015 | 0,0000 |
de 15 a 19 anos de idade | 0,2499 | 0,0016 | 0,0000 | 0,4050 | 0,0015 | 0,0000 |
de 20 a 29 anos de idade | 0,2140 | 0,0015 | 0,0000 | 0,3607 | 0,0014 | 0,0000 |
de 30 a 39 anos de idade | 0,2032 | 0,0015 | 0,0000 | 0,2922 | 0,0014 | 0,0000 |
de 40 a 59 anos de idade | 0,1718 | 0,0015 | 0,0000 | 0,1841 | 0,0014 | 0,0000 |
Raça Branca | -0,7066 | 0,1651 | 0,4851 | 0,8338 | 0,0560 | 0,0000 |
Raça Preta | -0,6947 | 0,1651 | 0,4885 | 0,9502 | 0,0560 | 0,0000 |
Raça Amarela | -1,0055 | 0,1652 | 0,0022 | 0,6652 | 0,0562 | 0,0000 |
Raça Parda | -0,6701 | 0,1651 | 0,0790 | 0,9748 | 0,0560 | 0,0000 |
Raça Indígena | -0,5914 | 0,1652 | 0,0000 | 0,6896 | 0,0562 | 0,0000 |
Sem instrução | 0,4346 | 0,0012 | 0,0000 | 0,5968 | 0,0011 | 0,0000 |
Fundamental Incompleto | 0,4078 | 0,0010 | 0,0000 | 0,4808 | 0,0008 | 0,0000 |
Fundamental completo | 0,2749 | 0,0011 | 0,0000 | 0,2736 | 0,0010 | 0,0000 |
Médio incompleto | 0,2026 | 0,0012 | 0,0000 | 0,2853 | 0,0010 | 0,0000 |
Médio completo | 0,1808 | 0,0009 | 0,0000 | 0,1938 | 0,0008 | 0,0000 |
Superior incompleto | 0,0330 | 0,0014 | 0,0000 | -0,0110 | 0,0011 | 0,0000 |
Classe de rendimento - 1º decil | 0,7190 | 0,0011 | 0,0000 | 0,8240 | 0,0010 | 0,0000 |
Classe de rendimento - 2º decil | 0,6327 | 0,0012 | 0,0000 | 0,7213 | 0,0010 | 0,0000 |
Classe de rendimento - 3º decil | 0,6577 | 0,0012 | 0,0000 | 0,6891 | 0,0010 | 0,0000 |
Classe de rendimento - 4º decil | 0,6155 | 0,0011 | 0,0000 | 0,5872 | 0,0010 | 0,0000 |
Classe de rendimento - 5º decil | 0,6554 | 0,0011 | 0,0000 | 0,4527 | 0,0009 | 0,0000 |
Classe de rendimento - 6º decil | 0,4817 | 0,0012 | 0,0000 | 0,3786 | 0,0010 | 0,0000 |
Classe de rendimento - 7º decil | 0,5022 | 0,0011 | 0,0000 | 0,3742 | 0,0009 | 0,0000 |
Classe de rendimento - 8º decil | 0,4210 | 0,0011 | 0,0000 | 0,2959 | 0,0009 | 0,0000 |
Classe de rendimento - 9º decil | 0,3409 | 0,0011 | 0,0000 | 0,2054 | 0,0009 | 0,0000 |
Fonte: PNAD 2019 (IBGE, 2021). Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.